Segunda safra é esperança para produtores

A cultura da soja no estado do Paraná na safra 2018/2019 sofreu com os impactos climáticos, com locais atingindo até 20% de quebra e registrando produtividade média de 50,20 sacas por hectare, dados do Departamento de Economia Rural (Deral).

Com tamanha quebra na oleaginosa e para equilibrar as contas, os produtores paranaenses apostam num bom rendimento do milho segunda safra. Até o momento, o clima é de otimismo quanto ao potencial produtivo, com um aumento de 4% na área plantada e quase 40% a mais no volume produzido em relação ao ciclo passado.

Nelson Paludo, presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, explica que a safrinha se tornou a grande aposta dos produtores do Paraná, mas há riscos a serem considerados. A falta de chuva e o calor excessivo, fizeram com que o ciclo da soja encurtasse e a saída dos produtores foi antecipar o plantio do milho segunda safra.

Paludo destacou ainda que uma boa produção oferece uma segurança de que haverá produtos para a venda, mas reitera a necessidade de bons preços no momento da venda. “Até agora estamos acompanhando a cotação e ela está mantendo uma média esperada”. Afirma ele.

Para Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste, ainda é cedo para afirmar se os preços serão satisfatórios ou não quando a colheita começar. “O que costumo dizer é que o preço de milho disponível nessa fase do ano não está muito ligado à colheita da safra de verão, do milho disponível, mas sim com o andamento na safrinha. Fevereiro, março e abril são meses nos quais precisamos dar atenção às condições no campo. O mercado está bem ofertado hoje e estamos vivendo um momento bastante travado nas negociações do cereal”, explica. 

Motter evidencia que nos últimos quatro anos, em três houveram problemas com seca entre os meses de abril e maio. Segundo o analista, todos esses problemas estão pela frente e o milho adiantado não anula as perdas por seca.

Luiz Fernando Gutierrez, consultor de mercado da Safras e Mercado, concorda sobre a importância do milho segunda safra, uma vez que a quebra da soja prejudicou grande parte dos produtores do país.

Contudo, sobre o cenário de preços, Gutierrez demonstra cautela sobre um possível cenário positivo. “Se a gente colher uma safra cheia o cenário não é muito positivo. Deve ter aumento de área de milho nos EUA, com a guerra comercial com a China, e diminuição na área de soja. Naturalmente, isso traz um indicativo negativo, com maior oferta do maior produtor do mundo de milho”.

Apesar da baixa produtividade em grande parte do país, as altas da soja têm se mostrado como uma esperança maior aos produtores que sofreram com a seca. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os preços da soja no mercado físico brasileiro fecharam a sexta-feira (15/03) em alta de 0,77% em relação à média dos preços trabalhados nos portos da Região Sul, atingindo valores de 78,70 reais/ saca.

Segundo Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, deve haver uma queda de 5% na área plantada de soja nos Estados Unidos na próxima safra, de acordo com dados da corretora americana Allendale. O consultor destacou ainda que apesar da retomada de contatos para negociações entre Estados Unidos e China, este último não reduziu sua demanda do Brasil e Argentina.

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