O Mosaico dourado, ou BGMV (Bean Golden Mosaic Virus) é atualmente considerada a pior virose da cultura do feijoeiro na maioria dos estados brasileiros e pode ser encontrada em outros países da América do Sul, América Central e Estados Unidos. Essa doença foi inicialmente considerada de pouca importância econômica para a cultura do feijoeiro. Contudo, com o aumento de cultivo de espécies hospedeiras da mosca-branca (Bemisia tabaci Genn), vetora do vírus, houve rápida disseminação da doença.
O patógeno pode atingir 100% das plantas dentro de uma lavoura, podendo acarretar em graves prejuízos. Estimativas indicam que, anualmente, devido aos danos causados pelo vírus, haja uma redução de 90 a 280 mil toneladas na produção de feijão.
Quando a infecção ocorre no início do ciclo de uma cultura, pode-se observar o encarquilhamento dos primeiros trifólios, seguido de uma clorose das nervuras. Essas cloroses, com o avanço da doença, vão se tornando manchas amareladas. Plantas que apresentam predominância de encarquilhamento sofrem reduções consideráveis em tamanho, com possibilidade de ocorrer deformações nas brotações laterais.
A medida mais eficiente de controle atualmente é o uso de cultivares resistentes, contudo não promovem um controle satisfatório quando utilizada de forma isolada, sendo necessário a escolha de época de plantio, evitando que a fase inicial da cultura coincida com elevadas populações de mosca-branca.
A partir do segundo semestre de 2019, o produtor terá a opção de um sistema de produção baseado em feijão transgênico resistente ao vírus do mosaico dourado (Feijão RMD), desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
A EMBRAPA é a primeira instituição do mundo a obter um evento transgênico do feijão comum com resistência a doenças. A tecnologia RMD estará disponível para cultivares de feijão Carioca, o qual possui cerca de 70% do mercado nacional.
De acordo com a Embrapa, a adoção dessa tecnologia e do uso do Manejo Integrado de Pragas em áreas de média a alta incidência do vírus do mosaico, poderão propiciar um aumento de 38 a 78% de lucratividade em comparação com o uso de cultivares convencionais.
Segundo Josias Faria, pesquisador da Embrapa de Arroz e Feijão, houve participação de mais de 80 pesquisadores de centos de pesquisa da Embrapa e universidades brasileiras para o completo lançamento da tecnologia.