O etanol de milho é uma fonte alternativa de produção de álcool e tratando-se da constituição, esse é idêntico ao etanol proveniente da cana-de-açúcar, tipo mais comum no Brasil. Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados na terça-feira (7), a produção de etanol proveniente da cultura de milho na safra 2019/2020 deve aumentar. Segundo os dados, 4,62% (1,4 bilhão) da produção de etanol será proveniente desta cultura. Apesar dessa porcentagem não parecer expressiva frente ao total produzido (30,3 bilhões de litros), esse método apresenta alto poder de crescimento e aderência ao cenário do produtor e consumidor.
A produção de álcool a partir do milho é uma nova forma de escoamento da produção brasileira, visto que o país é o terceiro maior produtor do grão e que esse pode ser um meio alternativo de venda em ocasiões em que a demanda diminui. Segundo dados da CONAB a destinação do milho para produção de rações animais corresponde de 70% a 80% do consumo do grão, sendo 80% destinado ao setor avícola e de suínos.
Em momentos como o atual, em que as exportações de carne suína para China foram barradas, há uma diminuição da criação de suínos e, consequentemente, redução da necessidade de grãos para formulação de rações. A destinação do milho para produção de etanol, portanto, surge como uma fonte alternativa de comercialização ao produtor. Ademais, como informado pelo pesquisador Marcelo Melo Ramalho, “Segundo as estimativas do estudo, as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global, são pelo menos 70% menores no etanol de milho brasileiro quando comparado com a gasolina”, logo, pode-se considerar esse produto como uma fonte de combustível mais sustentável ao planeta.
De acordo com a CONAB a produção de etanol a partir do milho está “cada vez mais relevante”, tendo Mato Grosso como o maior produtor, seguido por Goiás e Paraná. O estado de Mato Grosso é responsável por 74,68% da produção nacional e produzirá cerca de 600 milhões de litros do biocombustível na safra 2018/2019. As duas principais usinas do estado estão localizadas no município de Lucas do Rio Verde e Sorriso. Segundo o coordenador-geral de cana-deaçúcar e agroenergia do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, o setor é um novo negócio e tem grande possibilidade de desenvolvimento em grandes áreas produtivas no Brasil. Além disso, ele afirma que o sistema é um nicho que está em fase de desenvolvimento, que é bastante promissor e que os investimentos nessa indústria são bem expressivos.
O etanol produzido pode apresentar duas formas, anidro e hidratado, sendo que o anidro é aquele misturado à gasolina e o hidratado é aquele vendido diretamente nas bombas de combustível. A produção de etanol anidro deve aumentar 11% e de etanol hidratado apresenta perspectiva de queda de 16,5% (CONAB, 2019).
Em relação à cana-de-açúcar, segundo a CONAB, a produção apresenta uma tendência à diminuição de 0,7% comparado à safra anterior, contabilizando uma produção de 616 milhões de toneladas. De acordo com as informações apresentados, essa diminuição se deve à retração da área colhida – estimada em 8,38 milhões de hectares (área 2,4% menor do que a observada na safra 18/19). Contudo, a destinação da cana-de-açúcar para produção de açúcar deve crescer 9,5% em relação à safra anterior, isso demonstra uma tendência de reequilíbrio entre a destinação de cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar e de etanol.
REFERÊNCIAS
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AGRONEGÓCIO, Portal do. Milho e cana: vantagens e desvantagens de cada um. 2014. Disponível em:<https://www.portaldoagronegocio.com.br/noticia/milho-e-cana-vantagens-edesvantagens-de-cada-um-111228>. Acesso em: 08 Maio 2019.
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