A empresa Raízen desenvolveu um projeto que tem como objetivo agilizar a análise do teor de açúcar na cana assim que o caminhão canavieiro chega à unidade processadora. Para isso, a empresa não só mudou o método de avaliação do teor de açúcar (sacarose) na cana, como também implantou um sistema automatizado de coleta de amostras em uma de suas plantas de processamento de cana-de-açúcar. O laboratório, cujo nome é laboratório Pagamento de Cana por Teor de Sacarose, já vem sendo chamado de “laboratório do futuro”.
Com essas implantações, a planta na qual o projeto está instalado diminuiu o tempo de análise do teor de açúcar na cana de cerca de 45 minutos para apenas 5 minutos. As novidades estão no uso do sistema automatizado que indica através de um QR code, mostrado na balança, aonde os caminhões devem ir para que seja feita a coleta da amostra. Ao chegar no local indicado, uma sonda faz a coleta de forma automática, economizando tempo nesse processo. Já a análise tem seu ganho pelo uso da tecnologia do “Infravermelho Próximo” (em inglês: Near InfraRed – NIR), a qual é capaz de analisar simultaneamente vários parâmetros químicos. A tecnologia NIR já era utilizada para a avaliação de alimentos, mas só teve seu uso aprimorado na indústria a partir da década de 1990.
A tecnologia utilizada pelo Infravermelho Próximo consiste em produzir uma onda eletromagnética que é então refletida pela matéria analisada e parcialmente absorvida pelo aparelho e, a partir disso o mesmo gera dados a respeito da composição química característica do objeto a ser aferido. Segundo explica o químico Célio Pasquini, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a espectrometria do infravermelho se baseia no estudo da interação da radiação eletromagnética com a matéria. Assim, como os objetos possuem características químicas únicas, o aparelho se mostra muito preciso. As vantagens do seu uso consistem no fato de o mesmo permitir a análise simultânea de vários parâmetros, constituir-se de uma técnica não destrutiva, possuir alta velocidade de processamento de informações e rápido fornecimento de resultados além de não utilizar reagentes químicos.
Antes dessa tecnologia o teor de sacarose só poderia ser determinado pelos sacarímetros convencionais que chegam a medir um metro de comprimento e pesar 40Kg, enquanto que um aparelho que utiliza a tecnologia do Infravermelho Próximo pode medir 40 cm e pesar 8 Kg. A diferença de velocidade se dá pelo fato de os sacarímetros convencionais utilizarem luz comum, que não consegue penetrar as amostras do caldo de cana, e por isso gerarem a necessidade da utilização de clarificação química do caldo, utilizando produtos caros a base de alumínio, em um processo bem mais complexo.
Já o sistema automatizado de coleta de amostras aumenta a velocidade da operação por indicar uma rota personalizada para cada caminhão, contendo informações sobre o número de cargas, a cancela para a qual o mesmo deve ir etc. Assim, o caminhão é dirigido para uma estrutura específica que realiza a coleta das amostras automaticamente. Essa amostra segue então para a análise do NIR e o caminhão já pode partir.
Com esse ganho de velocidade e qualidade analítica, a empresa acredita que ocorrerá uma maximização da qualidade e produtividade no campo assim como na indústria. O equipamento que vem sendo desenvolvido há 3 anos na planta de Brotas, que processa 10 mil toneladas de cana por dia, já foi homologado pelo Conselho dos Produtores de Cana de Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana).
REFERÊNCIAS
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GOVERNO, do Portal do. Unicamp cria medidor de açúcar na cana a laser. 2008. Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/unicamp-cria-medidor-de-acucar-na-cana-a-laser/>. Acesso em: 22 maio 2019.
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ASCOM. Raízen inaugura seu primeiro laboratório 100% automatizado para Pagamento de Cana por Teor de Sacarose: Projeto “Laboratório do Futuro” trará mais qualidade, velocidade e precisão para a realização dos testes. 2019. Disponível em: <https://www.dinheirorural.com.br/raizen-inaugura-seu-primeiro-laboratorio-100-automatizado-para-pagamento-de-cana-por-teor-de-sacarose/>. Acesso em: 22 maio 2019.