O etanol produzido por meio da cana-de-açúcar é uma das principais fontes de biocombustíveis do mundo. Perspectivas de mercado, segundo dados publicados por Almeida (2019), indicam que sua produção tende a aumentar sendo reflexo da valorização das cotações de petróleo. Segundo os dados no primeiro trimestre do ano, as vendas do biocombustível já subiram 35% e tendem a alavancar ainda mais, o que irá impactar na produção sucroenergética gerando quedas de até um milhão de toneladas na produção de açúcar na região Centro-Sul.
Perspectivas anteriores, embasadas na reunião de tradings, em Dubai, previam que a produção de açúcar no Brasil tendia ao aumento, mantendo os preços sob pressão. No entanto, a demanda recorde por etanol revirou o mercado indicando que volumes maiores de cana-de-açúcar serão convertidos para o processo do biocombustível.
Durante a Semana do Açúcar em Nova York o especialista John Stansfiel afirmou: “Está se tornando evidente que a forte demanda por etanol no Brasil vai manter a paridade a favor do etanol”. Reflexo decorrido da alta do preço do petróleo que resulta em preços de etanol mais competitivos em relação à gasolina e, consequentemente, a negociação do etanol com prêmio em relação ao açúcar, movendo a economia para lados diferentes do planejado em fevereiro, na reunião em Dubai.
Investimentos realizados por usinas destaques no setor propiciam aumento do volume produzido, destacando que o Brasil ainda não chegou a máxima capacidade de etanol produzido. Para suprir essa demanda futura o setor tem realizado mudanças em todos os aspectos de produção, otimizando desde partes do processo até tanques de armazenamento, bem como ajustes operacionais.
Além dos aspectos financeiros, os fatores climáticos têm influenciado fortemente para a supremacia do etanol perante o açúcar, visto que o clima úmido no início da safra propicia a redução dos teores de açúcar no caldo, levando as usinas a produzirem maior volume de etanol que pode chegar a 68% do total de cana, valor que supera a parcela de 63% do ano passado.
No entanto, opiniões divergentes ainda são visíveis no mercado, como a de Tom McNeill, diretor da Green Pool que afirma: “Normalmente seria o caso de que o etanol chega a um ponto em que a oferta pressiona o preço e, em algum momento no futuro próximo, vemos o comércio de etanol com desconto em relação ao açúcar”. Além de acrescentar que os preços do etanol e do açúcar estão mais próximos, porém o biocombustível por vezes é negociado com desconto ao açúcar.
Acrescenta-se a isso outras perspectivas de mercado, segundo a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) em uma nota publicada em Janeiro, que mesmo com o aumento da demanda por biocombustíveis frente ao aumento dos preços do petróleo, o destino da produção de cana ainda tenderia a produção de açúcar, resultando na queda da margem do preço do etanol frente à gasolina.
Além disso, usinas incentivadas pela tendência do aumento nos preços de açúcar buscam a venda de estoque, resultando em possíveis déficits mundiais que devem elevar o percentual de cana destinado a produção do açúcar comparada a do biocombustível. Porém, evidenciando que mesmo com essas suposições de mercado, cerca de mais de 60% da cana-de-açúcar produzida será destinada a produção do etanol.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Isis. Brasil, Rei do Açúcar, tem novo queridinho: o etanol. 2019. Disponível em: <https://www.portaldoagronegocio.com.br/noticia/brasil-rei-do-acucar-tem-novo-queridinho-o-etanol-184229>. Acesso em: 01 jun. 2019.
CEPEA (Piracicaba). Etanol/perspectivas 2019: retomada de crescimento em 2019 pode elevar demanda por combustível. 2019. Disponível em: <https://www.udop.com.br/index.php?item=noticias&cod=1174812>. Acesso em: 05 jun. 2019.
FERNANDES, Daniel. Brasil pode ampliar produção de etanol até 2028. 2019. Disponível em: <https://www.udop.com.br/index.php?item=noticias&cod=1179526>. Acesso em: 04 jun. 2019.