Na operação de semeadura, o estande adequado e a uniformidade de distribuição de sementes são apontados como fatores de grande influência na produtividade (DELAFOSSE, 1986). Esses fatores podem ser afetados por inúmeras variáveis, sendo a velocidade de semeadura uma das mais importantes (KURACHI et al., 1989). Segundo Garcia et al. (2006) o aumento da velocidade de plantio promove acréscimo dos espaçamentos falhos, múltiplos e decréscimo dos espaçamentos aceitáveis. Logo, pode-se concluir que o aumento da velocidade reduz a qualidade de distribuição das sementes.
Figura 1: Espaçamentos falhos de plantas de milho, 20 dias após a emergência, semeadas em diferentes velocidades.
Figura 2: Espaçamentos múltiplos de plantas de milho, 20 dias após a emergência, semeadas em diferentes velocidades.
Figura 3: Espaçamentos aceitáveis de plantas de milho, 20 dias após a emergência, semeadas em diferentes velocidades.
Para visualizar os prejuízos que uma falha na lavoura pode acarretar é possível realizar a seguinte análise: 1) Uma velocidade de plantio de 12 km/h é equivalente a 3,33 m/s; objetivando-se um stand de 12 plantas por metro a semeadora teria que depositar 40 sementes por segundo, e isto impede uma distribuição homogênea. 2) Uma semente de soja produz uma planta e esta produz 16g de grãos. 3) Considerando que um saco de sementes tenha 60000 sementes, que o stand seja de 12 plantas por metro, que a área seja de 500 ha, o espaçamento seja de 0,45 m e que a porcentagem de plantio duplos seja de 10%. Para cobrir a área, se não houvesse plantio duplo, seriam necessários cerca de 2200 sacos de sementes. Se o cálculo for realizado levando em conta o plantio duplo seriam necessários 2420 sacos. 4) Considerando que o valor de um saco de semente de soja seja R$500,00 o produtor teria um custo adicional de R$110.000,00 somente na compra de sementes. Segundo Arbex (2018) o maior número de plantas por hectare, devido ao plantio duplo não leva a um aumento de produtividade, pois, as plantas
competem entre si por recursos naturais e nutricionais e têm uma produtividade individual menor, logo, a produtividade final é, praticamente, a mesma.
REFERÊNCIAS
GARCIA, Luiz C. et al. Influência da velocidade de deslocamento na semeadura do milho. Eng. Agronômica, Jaboticabal, v. 26, n. 2, p.520-527, ago. 2006.
ARBEX, Paulo. Plantabilidade e a instalação da lavoura de soja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 8., 2018, Goiânia. Inovação, tecnologias digitais e sustentabilidade da soja. Goiânia: Congresso Brasileiro de Soja, 2018. p. 1 – 71. Disponível em: <https://www.cbsoja.com.br/images/cbsoja2018/docs/palestras/Paulo_Roberto_ Arbex_Silva.pdf>. Acesso em: 24 set. 2019.
Texto de: Vitor Botter e Giulia Ribeiro.