VOCÊ SABIA QUE O PISOTEIO DE SOQUEIRA É UM DOS PRINCIPAIS FATORES LIMITANTES DA PRODUTIVIDADE DOS CANAVIAIS?

São muitos os fatores que devem ser considerados para obtenção de altas produtividades do canavial, como por exemplo, plantio adequado, práticas corretivas, adubação, controle de pragas e doenças, boa qualidade da colheita, entre outros. Neste caso, destacamos um dos principais fatores de perdas econômicas, que ocorre no momento da colheita, o pisoteio de soqueira, responsável, em média, por cerca de 33% de redução na produtividade do canavial, como observa-se no gráfico abaixo (Otto, 2019).

Gráfico 1. Potencial de aumento de produtividade (%).

Fonte: Otto (2017).

O pisoteio de soqueira agravou-se consideravelmente com o incremento da mecanização nos canaviais, tornando-se deste modo, um dos principais fatores a ser considerado e analisado durante todo o ciclo da cultura. Algumas das principais causas do pisoteio de soqueira são:  Má qualidade do plantio  Tráfego de maquinário de forma incorreta durante operações de cultivo e colheita  Falta de bitola ajustada  Época de corte Esses e outros fatores aliados, possuem como consequência o fenômeno da compactação do solo, o qual impede o brotamento e desenvolvimento das socas, fato este, que diminui consideravelmente a produtividade e a longevidade do canavial (Franco, 2017). Um estudo realizado pelo CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol) demonstrou que as perdas na colheita seriam suficientes para a aquisição de nove usinas de etanol com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas por safra, atingindo assim um prejuízo que ultrapassa os R$ 4,5 bilhões.

Figura 1. Perdas na colheita mecanizada.

Fonte: CBTE (2017).

Segundo Braunack et al., (2006) para diminuir os danos ocasionados pelo pisoteio algumas práticas são recomendadas, buscando aumentar a eficiência produtiva do canavial. Estas ações são o manejo varietal, fazer um cruzamento visando adequar os espaçamentos das linhas do canavial e a bitolas dos maquinários, para que o trânsito seja sempre conduzido nas entrelinhas e principalmente o controle de tráfego, ou seja, fazer com que as máquinas passem de maneira exata nas entrelinhas da cultura. Para isso, destaca-se o uso de piloto automático, da utilização de maquinário com GPS (colhedora, trator e transbordo), o ajuste das bitolas e a melhoria dos sistemas de corte das colhedoras (Franco, 2017). Em outro estudo realizado por Cengicaña (2014) (Gráfico 2), consegue-se observar o impacto da não utilização do controle de tráfego na média de produtividade do canavial, representando uma queda de 17% (ou 19 toneladas de colmos por ano) quando comparado ao canavial com controle de tráfego.

Gráfico 2. Diferença de produtividade (TCH) com e sem o controle de tráfego.

Fonte: Cengicaña (2014).

Conclusões

Nos últimos anos observou-se um cenário de retração de produtividade do setor canavieiro. Para fazer com que a produtividade volte a crescer, o controle de alguns fatores é essencial, principalmente relacionados a boa qualidade na
operação da colheita, visando amenizar as perdas principalmente pelo pisoteio de soqueira. Com isso, o manejo adequado deste e outros aspectos de produção, conseguiremos obter canaviais mais produtivos.

Referências bibliográficas

BRAUNACK, M.V.; ARVIDSSON, J,; HÂKANSSON, I. Effect of harvest traffic position on soil conditions and sugarcane (Saccharum officinarum) response to environmental conditions in Queensland, Australia. Soil Tillage Res., v. 89, p. 103 – 121, 2006.

CENTRO GUATEMALTECO DE INVESTIGACIÓN Y CAPACITACIÓN DE LA CAÑA DE AZðCAR (CENGICAÑA). Informe Anual 2013 – 2014. 2014. Disponível em: <https://cengicana.org/files/20161215181112454.pdf>. Acesso em: 26 set. 2019.

NOVACANA. Perdas com colheita mecanizada são equivalentes ao preço de 9 novas usinas, mostra CTBE. 2017. Disponível em: <https://www.novacana.com/n/cana/colheita/perdas-colheita-mecanizada-equivalentepreco-usinas-ctbe-051217>. Acesso em: 25 set. 2019.

OTTO, Rafael. ATUALIDADES NA ADUBAÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR. São Paulo: Rafael Otto, 2019. 51 slides, color.

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