Micronutrientes: Dinâmica e experimentos

Os Micronutrientes recebem essa denominação por serem extraídos pelas plantas em pequenas quantidades, contudo sua deficiência pode acarretar em sérios prejuízos ao produtor. Esses elementos considerados essenciais são: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). Compreender a função de cada um deles e como funciona sua dinâmica no solo é fundamental para manter o teor desses nutrientes na faixa adequada e assim atingir altas produtividades.  

A disponibilidade dos micronutrientes é altamente dependente de fatores do solo, tais como textura, pH, teor de matéria orgânica, umidade e interação entre os nutrientes. A ordem encontrada nos solos brasileiros dos micronutrientes é a seguinte:

Fe > Mn > Zn ≥ Cu > B > Mo

 Os micronutrientes metálicos (Zn, Cu, Fe, Mn), apresentam-se na forma de cátions quando na solução do solo, e com o aumento do pH do solo, precipitam na forma de óxido, tendo sua disponibilidade reduzida às plantas. O cloro e molibdênio, por outro lado, comportam-se como ânions, havendo aumento de sua disponibilidade com o aumento do pH do solo. Segundo Vitti (2012), o Fe, Mn, Cu, Co e Zn têm sua disponibilidade na solução do solo reduzida em 100 vezes com o aumento de uma unidade de pH.

O cobre e zinco podem formar complexos com a matéria orgânica presente no solo, ocorrendo uma redução da sua disponibilidade conforme maior teor de material orgânico no solo. Contudo, solos arenosos e pobres em matéria orgânica são mais propensos à deficiência de micronutrientes, uma vez que o material orgânico pode ser fonte desses e a falta de cargas elétricas propicia menor retenção dos nutrientes adicionados e maior taxa de lixiviação.

Recomendações básicas sobre a forma de aplicação desses nutrientes e dicas importantes sobre seu manejo:

  • Os íons Cu, Fe, Mn, Zn devem ser aplicados próximos às raízes das culturas de interesse;
  •  A aplicação de B pode ser parcelada parte no plantio e parte em cobertura;
  • O Ni, Co e Mo, pela baixa dose aplicada, podem ser aplicados via tratamento de sementes;
  • Solos deficientes em Zn e Cu podem receber aplicação via solo e via foliar desses nutrientes, uma vez que essas são formas eficientes para correção da deficiência e propiciam ganhos significativos em produtividade;
  • Deficiências de Mn geralmente ocorrem, pelo uso incorreto do calcário (doses excessivas, incorporação inadequada).

Com o inicio da exploração da região do cerrado, foram conduzidos diversos experimentos em busca de avaliar possíveis deficiências de nutrientes nos solos e as respostas de certas culturas com a aplicação de micronutrientes.

A aplicação de micronutrientes, em especial Zinco e Boro, resultou em ganhos expressivos em produtividade em determinadas regiões do cerrado, e com o passar do tempo, consolidou-se a prática de fertilização com esses dois micronutrientes como forma de atingir altas produtividades em diversas culturas no cerrado. Tal decisão pode ser justificada por diversos fatores, como: o cultivo intensivo em regiões de maior fertilidade, o uso cada vez maior de fertilizantes que não possuem micronutrientes em sua formulação e práticas realizadas de maneira incorreta como excesso de calagem, resultando em redução da disponibilidade dos micronutrientes catiônicos.

Lopes (1983), Hardy (1962) já apontavam a baixa disponibilidade do zinco como fator limitante à agricultura em solos do cerrado e indicavam a necessidade da aplicação desse nutriente. A elevada acidez e baixa disponibilidade de nutrientes são características intrínsecas aos solos do cerrado.

Por fim, existe certa escassez de trabalhos com micronutrientes, havendo grande necessidade de estudos e aprimoramento das informações referentes ao cultivo na região do cerrado.

Levando em conta a importância do manejo adequado dos micronutrientes para atingir altas produtividades, o GAPE possui alguns experimentos com micronutrientes em diferentes regiões do país.

Um dos experimentos busca comparar a eficiência agronômica de produtos com Boro nas culturas de soja e cana-de-açúcar.

Outra linha de pesquisa compara a aplicação de doses de nitrogênio com e sem molibdênio visando avaliar os ganhos com a adição do micronutriente à absorção de N.

Outra linha estuda a aplicação de micronutrientes via foliar em cana-de-açúcar, sendo esses aplicados de forma isolada e em conjunto.

Referências:

CASARIN, Valter. Dinâmica do zinco, cobre e manganes no solo e disponibilidade às culturas. Cuiabá: XVI Encontro Tecnico Fundação MT, 2016.

GIRACCA, Ecila Maria Nunes; NUNES, José Luis da Silva. Micronutrientes. 2016. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/fertilizantes/micronutrientes_361450.html>. Acesso em: 06 jan. 2020.

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