Manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar

A ocorrência de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar pode provocar sérias perdas de produtividade caso não sejam controladas adequadamente. Mesmo sendo um planta de fisiologia C4, sendo capaz de usar de maneira altamente eficiente os recursos disponíveis para o seu crescimento, a cultura é afetada pela presença de plantas daninhas em suas fases inicias de crescimento. De maneira a identificar estas fases de maior prejuízo à lavoura foram desenvolvidos estudos com o intuito de definir o período anterior à interferência por plantas daninhas (PAI), o período total de prevenção da interferência (PTPI), e o período crítico de prevenção à interferência (PCPI), contudo os valores obtidos são médias referentes às diferentes regiões de plantio da cana-de-açúcar.

Tabela1. Período anterior à interferência (PAI); Período total de prevenção da interferência (PTPI) e período crítico de prevenção da interferência (PCPI) em função da modalidade de cultivo e período de corte.

Época de plantio PAI (Dias) PTPI (Dias) PCPI (Dias)
Cana – planta de ano 20 – 30 90 – 120 20 – 120
Cana – planta de ano e meio 20 – 30 90 – 150 20 – 150
Cana – Soca 20 – 40 70 – 90 20 – 90

Fonte: Adaptado de Victoria Filho e Christoffoleti (2004).

Para evitar os prejuízos causados pela presença de plantas daninhas é necessário que se adote as práticas de manejo de plantas daninhas, a qual consiste na utilização de diferentes métodos de controle disponíveis, sendo os preventivos, os culturais, os biológicos e os químicos. Nesse contexto as medidas a serem adotadas são:

Medidas preventivas.

As medidas preventivas são utilizadas para evitar a introdução de daninhas na área de plantio. Assim as medidas preventivas a serem utilizadas são a utilização de mudas livres de disseminulos de daninhas, a manutenção dos canais de vinhaça ou de irrigação livre de daninhas, a limpeza de equipamentos agrícolas, a utilização de torta de filtro ou compostos orgânicos livres de daninhas e a limpeza de áreas adjacentes que possam produzir sementes.

Medidas culturais.

As medidas culturais são responsáveis por modificar a relação daninha- cultura, favorecendo as plantas cultivadas no aspecto competitivo dentro de um mesmo espaço. As medidas culturais são as seguintes:

Manejo varietal.

Consiste na escolha de variedades adaptadas às condições locais, proporcionando rápido crescimento e ocupação do espaço. O manejo varietal é importantíssimo e exige conhecimentos a respeito do perfilhamento, da fertilização do solo, da brotação da cultura, da arquitetura foliar, da resistência a pragas e doenças, do espaçamento e da sensibilidade aos herbicidas.

Rotação, sucessão e culturas intercalares.

Essas associações evitam a predominância de determinadas plantas daninhas. Sendo que quanto maior forem as diferenças fisiológicas das culturas utilizadas pela rotação ou sucessão, menor é a probabilidade de predominância de uma planta daninha. A sucessão de culturas tem sido utilizada na renovação do canavial, sendo as principais culturas utilizadas o amendoim, o feijão, a soja o girassol, a crotalária, a mucuna preta e lab-lab. Ao se fazer uso de rotação, sucessão de culturas e culturas intercalares, deve-se ter cuidado em relação ao uso de herbicidas residuais.

Manejo da palha

O manejo da palha pode ser feito a partir do enleiramento da mesma, do recolhimento da mesma para uso como fonte energética ou pelo abandono da palhada na superfície do solo. A manutenção ou não da palhada no solo possui prós e contras, sendo que as vantagens de se deixar o solo coberto com a palhada são o aumento do teor de matéria orgânica no solo, a maior reciclagem de nutrientes; melhora das propriedades físicas e químicas do solo, melhor controle da erosão, maior atividade microbiana e diminuição na infestação de plantas daninhas. Já as desvantagens são a menor brotação da soqueira, aumento da incidência de pragas, necessidade de maior quantidade de adubos nitrogenados e problemas com excesso de umidade em áreas de menor altitude. A palha presente na superfície, dependendo da quantidade (que pode variar de 5 a 20 t/ha) dificulta a emergência de plantas daninhas, pois reduz a variação de temperatura no solo. Assim, os efeitos da amplitude térmica, da penetração da luz e os possíveis efeitos alelopáticos de lixiviados da palha diminuem a incidência de daninhas.

Controle mecânico

O controle mecânico é realizado com a utilização de diferentes tipos de equipamentos, desde grades e arados a sofisticados cultivadores. É importante que, no momento da aplicação se aguarde o máximo da emergência de plantas daninhas, evitando-se porém que as mesmas atinjam altura superior a 15 cm. Deve-se levar em consideração também a questão da umidade do solo para que se evite a compactação e a disseminação de partes vegetativas das daninhas.

Controle químico

Para que se obtenha sucesso com o controle químico é necessário o conhecimento da fisiologia dos mesmos na planta, dos fatores envolvidos na seletividade dos mesmo e do comportamento dos mesmos no solo. Os herbicidas utilizados na cultura da cana são, de um modo geral, aplicados na pré-emergência ou na pós-emergência da planta. Em pré-emergência, os herbicidas são aplicados no solo após o plantio e na pré-emergência de plantas daninhas. Os herbicidas aplicados em pós emergência são utilizados após a emergência da cultura e das daninhas. A seletividade dos herbicidas utilizados na cultura da cana-de-açúcar depende de fatores ligados ao posicionamento do herbicida no solo, à absorção foliar e à degradação do herbicida pela cultura. Assim a escolha do controle químico deve levar em conta todos esses fatores. E o manejo de daninhas completo deve levar em conta uma variedade maior ainda de fatores, sendo um bom manejo o resultado das melhores ações tomadas em cada um desses tópicos.

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