No dia 22 de agosto de 2018 ocorreu o IV Encontro Técnico do PCEM, no Centro de Tecnologia e Inovação da usina Biosev, unidade Santa Elisa em Sertãozinho, e o tema de foco da discussão foi Adubação Foliar. Estavam presentes representantes dos grupos participantes do programa, os membros do GAPE, o Prof. Dr. Rafael Otto e o Prof. Dr. Pedro Henrique Cerqueira Luz. Alguns dos participantes ministraram palestras apresentando o manejo das usinas e fornecedores quanto ao tema.
A adubação foliar tem como princípios a absorção foliar e a eficiência de adubos foliares, visando correções de deficiências nutricionais ou fornecimento de nutrientes de ação fisiológicas ao longo do ciclo. As vias de absorção foliar são através da cutícula, dos estômatos, tricomas ou rachaduras e imperfeições na superfície foliar. Dessa forma, a adubação foliar apresenta resposta rápida e corretiva, porém é complementar à adubação via solo, não a substituindo.
No caso da cana-de-açúcar, o fornecimento de nitrogênio, magnésio e micronutrientes (como boro, molibdênio, zinco e cobre) via foliar nos estádios mais exigentes da planta, podem incrementar a produção em 4,2 a 27,3 t ha-1 em diversas variedades da cultura (Vitti; Otto; Ferreira, 2015). A ação do magnésio em conjunto com o boro é proporcionar maior acúmulo de ATR (açúcar total recuperável), índice qualitativo da produção de cana, auxiliando na maturação.
Quantos às apresentações do Encontro, o Dr. Carlos Eduardo Faroni, Gerente de Desenvolvimento Técnico e Inovação na Biosev, informou que a empresa iniciou a adubação foliar a 4 anos, e hoje em dia, é realizada em cerca de boa parte da área anualmente, em locais com alto potencial produtivo e canaviais de cortes mais novos. A Msc. Fabiana Ascêncio, Supervisora de Desenvolvimento e Planejamento Agrícola na Raízen, trouxe informações sobre a adubação foliar, feita em 100% da área de cana planta e nas soqueiras de maior potencial. Marcus Vinícius Lopes, supervisor de controle fitossanitário da Usina São Luiz, afirmou que quando começou a ser implantada a adubação foliar, em 2011, não se acreditava muito nos resultados, mas desde então só foi observado aumento nas produtividades, em TCH e ATR. O aumento de produtividade com as adubações foliares, segundo os dados apresentados, está entre 6 a 8 toneladas por hectare.
O Marcelei Daniel, Supervisor Regional de Plantio na Adecoagro, mostrou o manejo realizado na maior parte da área total do grupo e enfatizou a importância do parcelamento e adubação nas épocas ideais, além de alguns produtos hormonais que são aplicados nesse manejo. Por fim, o produtor de Campo Florido – MG, Daine Frangiosi, apresentou seu manejo para os ambientes de menor fertilidade, e suas opiniões, fontes e doses, da adubação foliar.
Ao final dos temas apresentados pelos palestrantes, o Prof. Rafael Otto e o Prof. Pedro Luz, em parceria com as usinas participantes sugeriram uma nova proposta de experimento que está em elaboração a fim de observar o manejo de micronutrientes via foliar na cana-de-açúcar, a quais nutrientes a cana responde, a interação entre eles e a reposta em áreas com baixo teor de micronutrientes.
Referências:
VITTI, Godofredo Cesar; OTTO, Rafael; FERREIRA, Luís Renato de Paula. Nutrição e Adubação da Cana-de-Açúcar: Manejo Nutricional da Cultura da Cana-de-Açúcar. In: BELARDO, Guilherme de Castro; CASSIA, Marcelo Tufaile; SILVA, Rouverson Pereira da (Ed.). Processos Agrícolas e Mecanização da Cana-de-Açúcar. Jaboticabal: SBEA, 2015. p. 177-205.