Percevejo Castanho

Scaptocoris castanea conhecido como percevejo castanho pertence a Ordem Hemiptera, Subordem Heteroptera. Na sua forma jovem apresenta cor branca e no estágio adulto, coloração marrom. Seu hábito de vida é subterrâneo, alimentando-se da seiva que suga das raízes das plantas (Gallo et al., 2002).
O manejo do percevejo é complexo, em função do seu hábito subterrâneo e da inexistência de um método eficiente para o seu controle (Amaral et al., 2003). A busca por informações sobre o controle do percevejo castanho tem sido crescente, porém seu comportamento tem prejudicado a adoção de um método adequado de controle. A utilização técnicas de controle químico, mecânico, cultural e biológico ainda têm se mostrado ineficiente (Oliveira et al., 2000).
Estudos das dinâmicas populacionais e fatores climáticos são de extrema importância para avaliar a flutuação populacional de uma espécie de insetos, sua sobrevivência, longevidade, taxa de mortalidade e reprodução (Silveira neto et al., 1976). Tendo o clima como um dos principais condicionantes para se verificar a distribuição geográfica, épocas de ocorrência e tempo de ovoposição, até seu completo desenvolvimento. Somente após o conhecimento destas informações é possível traçar estratégias de controle.
O percevejo castanho pode ser encontrado durante o ano todo em diferentes profundidades de solo, (Medeiros & Sales Junior, 2000). Segundo Grazia et al. (2004) estes insetos são encontrados em maior número entre as profundidades de 20 a 40 cm, sendo também encontrados adultos realizando copula até 1,80m de profundidade. De acordo com Medeiros et al. (2008), em estudo da dinâmica do percevejo no solo em pasto de Brachiaria cv decumbes formadas há oito anos revelaram que a oviposição do percevejo castanho é realizada preferencialmente na época da seca e indiferentemente da época do ano (seca ou chuvosa) seus ovos são depositados na camada de 0 a 20 cm de profundidade. E em épocas de reprodução o percevejo realiza suas revoadas e colonizam novas áreas, geralmente nos meses de maior pluviosidade, sempre nos fins de tarde (Oliveira et al., 2000).
O sintoma inicial de ataque dos percevejos castanhos em pastagem pode ser caracterizado por um acentuado atraso no desenvolvimento da planta, pela sucção da seiva das raízes e pela injeção de toxinas (Gallo et al., 2002). Segundo Kimura et al. (2004) as plantas atacadas perdem a sua capacidade de rebrotar e também redução da capacidade de suporte, ocasionando a presença de reboleiras, podendo levar a morte.
No Brasil ainda não existe um método eficiente para o controle do percevejo. Práticas de controle vêm sendo testadas por pesquisadores, mas a carência de informações sobre a biologia e comportamento do percevejo acaba prejudicando o sucesso destes trabalhos. Atualmente métodos de controle químico, cultural, mecânico e biológico tem sido utilizado, mas sem muita eficácia (Oliveira et al., 2000).
O controle biológico no Brasil se caracteriza como uma estratégia eficiente de redução de muitas pragas. Estudos realizados sobre o controle biológico constatou o potencial de controle de Metarhizium anisopliae isolados sobre percevejo S carvalhoi, demonstrando que este método poderá fornecer informações para tentar reduzir a população do percevejo no campo, porém este método apresenta um efeito mais lento em relação a outros métodos (Xavier e Ávila, 2005).
Bueno; Nunes Junior e Oliveira (2007) demonstraram que o uso de inseticidas é o método mais utilizado pelos agricultores para o controle desse inseto que ultimamente vem causando grandes prejuízos em culturas anuais, via tratamento de sementes ou a utilização de inseticidas no sulco de plantio que pode ser uma alternativa viável, porém onerosa.
O controle cultural é um conjunto de práticas culturais utilizadas para o controle de pragas, que são baseadas em estudos ecológicos e biológicos da praga que se deseja controlar e dentre estas práticas estão à rotação de cultura, aração do solo, adubação e irrigação, destruição de restos culturais, plantio direto e outros sistemas de cultivo (Gallo et al., 2002).
Através destas informações podemos verificar que se for realizado um manejo adequado, o produtor poderá minimizar os prejuízos que o percevejo pode causar, porém, o percevejo castanho possui habito subterrâneo e é de difícil controle. No entanto novas pesquisas se fazem necessário a fim de se conseguir obter um método que cause pouco impacto ambiental e que seja eficiente no controle desta praga.

Referências
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BUENO, A. F.; NUNES JUNIOR, J.; OLIVEIRA, L. J. Avaliação de inseticidas e enxofre no controle de percevejo castanho e de corós, na cultura da soja, In: REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 29: 2007. Campo Grande MS. Resumo…Londrina: Empresa Brasileira de Pesquisa de Soja, 2007. p. 45-47.
GALLO, D .; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C. de.; BERT. FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ. 2002. p. 920.
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MEDEIROS, M. O.; SALES JR. O. Influence of water balance on the population dynamics of the burrwing bug, Atarsocoris brachiariae (Hemiptera: Cydnidae). In: INTERNATIONAL CONGRESS OF ENTOMOLOGY, 21. Foz de Iguaçu, 2000. Anais… Foz do Iguaçu: p. 268.
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OLIVEIRA, L. J.; MALAGUIDO, B.; NUNES JÚNIOR, J.; CORSO, I. C.; de ANGELIS, S.; FARIAS L. C.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; LANTMANN, A. F. Percevejo castanho da raiz em sistemas de produção de soja. Londrina: Empresa Brasileira de Pesquisa de Soja, 2000, 44p.
SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARDIN, D.; VILELA NOVA, N. A. Manual de Ecologia dos Insetos. Piracicaba: CERES, 1976.
XAVIER, L. M. S.; C, J. A. Patogenicidade, DL50 e TL50 de isolados de Metarhizium anisopliae (Mestch) Sorok para o percevejo castanho das raízes Scaptocoris carvalhoi Becker (Hemiptera: Cydnidae) Ciência Rural, v.35 n.6, p.763-768. 2005.

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