Você sabe identificar o momento ideal da colheita da soja e do milho?

A colheita é um dos momentos mais importantes de uma lavoura no campo. Por isso, saber identificar o momento e as condições ideais para colher a soja ou o milho é de extrema importância, tendo em que vista que, sua antecipação ou seu atraso, podem interferir diretamente na produtividade e qualidade do grão.

Colheita da soja

O momento ideal para colheita de soja no campo é quando a mesma se encontra com, pelo menos, 95% das vagens maduras (maturidade de campo, estádio R8) (Fher e Caviness, 1977), associado à faixa de umidade nos grãos entre 13 e 15%, faixa esta, compatível com a trilha mecânica. Contudo, muitas vezes quando a soja se encontra no estádio R8 no campo, os seus grãos ainda possuem alta umidade, impedindo a sua colheita devido aos danos mecânicos latentes e outros problemas causados pela colheita mecânica.

Para evitar isso, uma prática muito comum entre os sojicultores hoje em dia, é a dessecação, a qual além de auxiliar a secagem dos grãos no campo, antecipa o momento da colheita (permitindo o plantio da segunda safra em época mais adequada), permite uma homogeneização da lavoura (evitando plantas com haste e vagens verdes), redução de impurezas no momento da colheita, dessecação de plantas daninhas e também o controle de percevejos por meio da aplicação de inseticidas associados a dessecação.

Qual o momento ideal para dessecação?

A prática da dessecação deve ser muito bem planejada, levando em consideração as condições climáticas (para evitar chuvas logo após dessecação e no momento em que a cultura estiver pronta para colheita) e o estádio de desenvolvimento da cultura. O momento ideal para dessecação é quando a cultura se encontra em sua maturidade fisiológica (máximo acúmulo de matéria seca), ou seja, quando a planta apresenta 75% de suas folhas e vagens amarelas (estádio R7.2). Segundo dados da Fundação MT (2014), a dessecação antecipada da soja pode acarretar em perdas de até 12 sc/ha.

Figura 1. Lavoura de soja no estádio de R7.2
Fonte: Câmara, 2016.

A ação do produto utilizado para dessecação pode ocorrer entre 4 a 7 dias após aplicação, contudo, é necessário verificar e respeitar o período de carência do produto utilizado, a fim de não se obter resíduos deste no grão, diminuindo sua qualidade.

Figura 2. Lavoura de soja pronta para colheita.
Fonte: Autor, 2020.

Colheita do milho

Assim como na soja, é extremamente importante saber identificar o ponto de colheita do milho, tanto para produção de silagem, quando para produção de grão.

No caso da produção de silagem, a colheita do milho deve ser realizada quando se começa o surgimento do “dente” na parte superior do grão, e quando as plantas apresentarem cerca de 33 a 37% de matéria seca, e os grãos no estado farináceo-duro, ou em termos práticos, com o grão em aproximadamente 2/3 da linha do leite.

Já para colheita do milho visando a produção de grãos, o ponto ideal de colheita é quando a planta atinge seu ponto de maturidade fisiológica, caracterizado pelo máximo peso de matéria seca dos grãos e presença de “camada negra” no ponto de inserção do grão com o sabugo, associado a umidade do grão em torno de 25%. Vale ressaltar que deixar o grão secar no campo, após sua maturidade fisiológica, pode trazer consequências negativas para a produtividade e qualidade do grão.

Figura 4. “Camada negra” no ponto de inserção do grão com o sabugo, evidenciando maturidade fisiológica do milho.
Fonte: José Carlos Madalóz.

REFERÊNCIAS

FUNDAÇÃO MT. Dessecação antecipada da soja gera perdas na colheita. 2014. Disponível em: <https://www.fundacaomt.com.br/noticia/dessecacao-antecipada-da-soja-gera-perdas-na-colheita>. Acesso em 23 fev. 2020.

FEHR, W. R.; CAVINESS, C. E. Stages of soybean development. Ames: Iowa State University of Science and Techonology, 1977. 11 p.

SEDIYAMA, T.; SILVA, F.; BORÉM, A. Soja: do plantio à colheita. Universidade Federal de Viçosa. 2015.

BORGES, E. P.; SIEDE, P. K. Dessecação da soja para antecipação do plantio da safrinha. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 91, p. 6-7, 2000.

FANCELLI, A. L.; DOURADO-NETO, D. Produção de milho. Guaíba: 2000. 360 p.

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